Gustavo Castañon
Uma das coisas mais simples de entender sobre a relação entre a elite e a esquerda brasileira é o que é "a esquerda que a direita gosta" de que falava Brizola.
A esquerda que a imprensa promove como "consciente", "coerente" e "limpa" é aquela que promove a revolução nos discursos e fica restrita aos DCEs e sindicatos na prática, e que para manter as colunas e espaços na mídia é cuidadosa e respeitosa na forma como se refere a essas organizações criminosas.
A esquerda que a imprensa ataca
como "populista", "corrupta", "incoerente", é aquela que eventualmente ganha eleição, que faz acordo para governar, que se compromete com a realidade e promove qualquer tipo de avanço que conseguir: constrói casa, aumenta salário de professor, constrói hospital e escola. Aquela que eventualmente consegue ter a chance de reformas maiores, estruturais, é atacada de forma ainda mais virulenta, como o foram Jango, Brizola e Lula.
Sim, a primeira forma quadros, mas eles só servem de algo para o Brasil quando ingressam na segunda, mudando de partido ou ganhando eleição.
Sim, a segunda muitas vezes se corrompe e gera quadros orgânicos da direita, esse é o capitalismo, sempre foi e sempre será enquanto durar.
Mas a capacidade de transformar a realidade é a única coisa que importa, que jamais importou na vida política.