Ditabranda

Gabriel Priolli 

Sou testemunha da agressão que o Governo Alckmin cometeu ontem contra o direito de manifestação, em São Paulo.

Vi quando apagaram-se as luzes da passagem de nível da Avenida Consolação e temi que a guarda pretoriana encurralasse os manifestantes, como parecia querer.

Vi quando três "caveirões" e dezenas de peruas militares passaram rente à multidão, de forma ameaçadora, com as sirenes tocando e as armas à mostra, e rumaram a toda velocidade para o Largo da Batata.

Tive certeza absoluta de que o ato seria reprimido, com ou sem os "vândalos" de oportunidade, e a confirmação veio em menos de uma hora.

Entre os agredidos, estão o Senador Lindbergh Farias, o deputado Paulo Pimenta e o ex-presidente do PSB Roberto Amaral.

Soube depois da detenção de 26 jovens, inclusive menores, antes da
manifestação, apenas por suspeita de que praticariam crimes e sem qualquer ato cometido.

Os jovens estão presos e incomunicáveis. Advogados são impedidos de trabalhar.

Não há como tergiversar, omitir ou amenizar: as liberdades democráticas estão suspensas em São Paulo. Valem só para quem o Estado entender que devam valer.

Houvesse um Ministério Público em São Paulo, seria de esperar que ele atuasse na proteção da cidadania. Mas ele não passa de um escritório do governo paulista, a quem de fato protege.

A mídia, cúmplice, assiste a tudo e nem cogita em oferecer qualquer outra versão dos fatos, que não seja a oficial.

Ela que acredita na brandura da Ditadura Militar de 1964-1985 (434 mortes e desaparecimentos, dados oficiais) já faz assessoria de imprensa para o "Impeachment Constitucional Democrático" de 2016.

Tudo isso pode alegrar imensamente quem acha que é assim mesmo que se deve tratar "esses vermelhos".

Mas quando o cassetete também atingi-los - como ocorreu no pós-1964 - eles vão perceber que a ditadura, quando vem, é para todos.

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