Golpe nasceu em junho de 2013

A "esquerda" financiada pela CIA 
Para Jessé Souza, golpe nasceu em junho de 2013
Lilian Milena

Cientista político e ex-presidente do IPEA lança livro sobre a radiografia do golpe que afastou Dilma do poder

Jornal GGN – A política é um jogo que, no Brasil, não se vale das regras legais para dar cada lance. A violência das batalhas nesse campo não poupa nem os preceitos Constitucionais, o que é extremante grave, pois o que esperar em uma sociedade em que a justiça só prevalece no papel? E foi analisando o jogo político, imbricado em todas as instâncias de poder, do legislativo ao judiciário, que o cientista político, professor titular da UnB e ex-presidente do IPEA, Jessé Souza escreveu sua mais recente obra “A radiografia do golpe: entenda e como e porque você foi enganado”.

Em entrevista que concedeu ao programa “Na sala de visitas com Luis Nassif”, Jessé defendeu que as raízes do golpe de 2016 nasceram de sementes plantadas em junho de 2013. Não que a manifestação iniciada por um grupo puramente de esquerda – Movimento Passe Livre – tivesse esse intuito, mas sim porque a força das ruas foi, posteriormente, manipulada e manejada pela grande imprensa em favor dos objetivos da elite brasileira. No livro, Jessé chega a avaliar as notícias dadas pelo Jornal Nacional, dia após dia, montando a narrativa de que a insatisfação popular era generalizada e baseada na corrupção estritamente Estatal.

Dalí em diante foram construídos os pilares para formular a imagem de Lula e do PT como símbolos da corrupção no seio do Estado, e do poder judiciário e, notadamente, Sérgio Moro, como símbolos da moralidade e salvação do país.

Apesar de ser pessimista quanto ao desfecho da crise política vivenciada hoje no Brasil, Jessé Souza pondera que a sociedade brasileira, mesmo aquela que apoio o impeachment, começa a se dar conta do teatro montado para esconder os reais interesses, ou seja, de excluir grande parte da população dos benefícios vindos do crescimento e exploração das riquezas nacionais. Nesse sentido, as redes sociais estão sendo fundamentais, combatendo o discurso hegemônico da grande mídia.

Na entrevista, Jessé também aponta os erros da esquerda, sobretudo aquela representada pelo PT no poder, que também foi incapaz de montar uma nova matriz econômica para abarcar os anseios não apenas econômicos, mas também políticos da população que ascendia à classe C. “O pentecostalismo foi quem reassumiu essa narrativa”, completou.  

Em 2015 o professor lançou outro trabalho polêmico, chamado A tolice da inteligência brasileira, contrapondo argumentos de importantes intérpretes brasileiros como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire e Raymundo Faoro. Jessé defende que os sociólogos formularam uma ideia de sociedade brasileira preconceituosa, como se o patrimonialismo fosse característica única da sociedade brasileira e a corrupção o sobrenome do Estado brasileiro. O especialista confronta essa tese que chama de "mito" construído pela elite brasileira, pontuando que sistemas corruptos e patrimonialistas são, na verdade, fruto da relação desigual entre classes em qualquer parte do mundo.

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