Vice não serve para nada e pode ser perigoso

Renato Janine Ribeiro 

Vamos acabar com o cargo de vice?

Sua razão de ser é simples: em nosso País, as eleições têm datas fixas. Devem coincidir entre si. Então, se vagar um cargo executivo e não houver vice, teria que haver nova eleição direta. E aí, começaria um novo mandato de quatro anos? Isso bagunçaria a coincidência. Ou só completaria o mandato vigente? Um mandato curto então?

Em outros países presidencialistas, não há vice, mas eles não veem problema na descoincidência. Uma vez, estando na França, houve sete eleições num ano só. Presidente, deputados, municipais, euroeleições, o diabo. Um exagero, claro, mas que não matou ninguém.

Poderíamos simplesmente fazer o seguinte:

O presidente, governador ou prefeito não terá vice.

Se vagar o cargo por morte, renúncia, doença ou impeachment, novas eleições para completar o mandato.

Diretas na primeira metade do mandato, indiretas na segunda.

Agora, às vantagens:

Vice, na melhor das hipóteses, não faz nada. Gasta dinheiro, que não é pouco, com equipe, avião, comida, mas nada faz. Não atrapalha.

Na pior, atrapalha e golpeia.

Vice é escolhido para dar horário de TV e apoio parlamentar.

Então, tem que ser bem diferente do titular, às vezes até seu ex-inimigo e aliado pouco confiável. Se não, não soma votos.

Portanto, ele é um perigo.

Finalmente, ou o vice é competente, um gênio, ou um nada, uma mula.

Se ele é competente, é absurdo desperdiçá-lo num cargo nulo.

Se é uma mula, é absurdo ter o risco de que ele se torne presidente (ou governador, ou prefeito).

Se permitem uma bobagem final, le vice n'est pas un hommage à la vertu... É um risco para ela.

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