Cristóvão Feil
Estive alguns dias fora, mas fiquei sabendo que houve ruidosos festejos no chamado St. Patrick's Day, comemorado em 17 de março na República da Irlanda.
Um desavisado poderia supor que a colonia irlandesa em Porto Alegre é numerosa e mobilizada.
Nem numerosa, nem mobilizada, porque inexistente. Quem promove a tal festa 'fake' são tolinhos do bairro Moinhos de Vento que buscam criar um clima menos provinciano em Porto Alegre, ainda que a custa de algo absolutamente artificial e fora de lugar.
Para tanto, eles importaram a festa do padroeiro cristão dos
irlandeses, não da Irlanda, mas via Estados Unidos, mais precisamente da Flórida, já que são adoradores do Estado mais caribenho dos EUA.
Saint Patrick tem uma exaltada reverência na Irlanda por razões sabidamente políticas. Foi uma forma de identificar diferenças gritantes nas situações nacionais da Inglaterra e da Irlanda. O catolicismo versus o anglicanismo. O republicanismo irlandês versus a monarquia inglesa. A soberania autônoma da Irlanda versus o imperialismo colonialista e predatório inglês. E assim por diante.
Por isso, o santo nacional irlandês é politizado, secularizado e mundanizado em uma festa com muito álcool e alegria, traduzido e sintetizado pela cerveja, em quantidades industriais e de excelente qualidade.
O que resta para essa jecada de Porto Alegre fechando uma rua no Moinhos de Vento? Ora, cerveja ruim, ignorância acerca do que está ocorrendo no País e no mundo, tédio infinito e uma alegria postiça como o morrudo topete ruivo de Donald Trump.