Marta fez de tudo para esconder que era a candidata de Temer em São Paulo.
Não adiantou.
Quando os eleitores descobriram ela começou a cair e não parou mais.
Marta teve intenções de voto enquanto o eleitorado acreditou que ela ainda estava no PT.
Ela era o grande trunfo do novo governo para trazer popularidade.
O tiro saiu pela culatra. Marta está fora do segundo turno.
Temer não tem voto na sua terra natal, no seu reduto político, o que mostra a insignificância em que os paulistas o têm.
Estava escrito nas estrelas: os paulistas queriam depor Dilma, mas nem queriam saber – e não sabiam - quem viria em seu lugar. Quando viram que era Temer, deram-lhe as costas. Daqui a pouco estarão gritando "Fora Temer".
Temer tem popularidade zero em São Paulo.
A eleição escancarou essa realidade.
Aplicou uma lição em Temer e outra em Marta.
Mostrou a Temer, que por mais conservadora que seja a cidade, seus cidadãos tão conservadores quanto ele não aprovam seus métodos. Paulistas não gostam de golpistas.
Não há sintonia entre Temer e os paulistas.
Ele nunca fez nada por São Paulo.
A lição para Marta foi: nunca mude de partido somente para ter uma candidatura, principalmente se o novo partido não tiver nada a ver com as suas ideias.
Ela que despontou para o público defendendo a independência feminina entrou num partido cujo presidente entende que as mulheres devem ser "belas, recatadas e do lar".
Ela que, enquanto no PT aderiu às suas teses de defesa dos trabalhadores entrou num partido que, entre o capital e o trabalho, sempre prefere o capital.
Ou seja, foi um casamento arranjado (provavelmente por seu marido) que estava fadado a não dar certo.
Forçada a se posicionar na campanha, ela teve que reafirmar que tem histórico de defesa dos direitos trabalhistas que Temer planeja reduzir.
E foi torpedeada por mensageiros do governo.
Um grande desgaste para Temer e para ela e um sinal de relação conflituosa pela frente, pois, de volta ao Senado, Marta terá que votar medidas antipopulares, com as quais declarou não concordar.
Ou vota a favor e se desgasta ainda mais ou vota contra e entra em rota de colisão de vez com o governo que escolheu para ser seu.
O mandato de senador não é eterno. Daqui a pouco ela vai ter que pedir aos eleitores a renovação.
Mais uma vez cumpre-se a maldição: quem sai do PT nunca mais se elege.
Principalmente quando seu novo partido é comandado por um Mordomo de Filme de Terror.